quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

JARINA

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JARINA

A jarina (Phytelephas macrocarpa R. e Phytelephas microcarpa R & Pav.) é uma palmeira pequena, de tronco grosso com numerosas raízes adventícias e flores de perfume forte. É conhecida também como "marfim vegetal", em português, tagua em espanhol, ivory plant em inglês e Brazilianische steinmüssee em alemão. Ocorre de forma espontânea em diversas regiões tropicais do mundo e no Brasil distribui-se por toda a região amazônica.
A palmeira possui crescimento lento, sendo encontrados indivíduos com mais de 100 anos de idade. As sementes levam 3 a 4 anos para germinar e as plantas de 7 a 25 anos para início da frutificação.
A árvore fêmea produz cerca de 6 a 8 cachos de frutos/ano, pesando cerca de 9 a 12 kg, com 8 a 12 sementes cada fruto. As sementes novas são líquidas, claras e insípidas, semelhante ao côco da Bahia. A semente tem aproximadamente 2,0 cm de diâmetro, pesando 35 gramas em média. O endosperma da jarina é um líquido claro quando a semente é ainda verde e é uma bebida refrescante na floresta. Quando o fruto está amadurecendo, o líquido adquire um aspecto gelatinoso, sendo também comestível, com um sabor semelhante ao do côco em alguns estágios de desenvolvimento.
Os frutos amadurecidos caem e soltam as sementes, permitindo a secagem de 4 semanas a 4 meses, dependendo das condições climáticas. As sementes amadurecidas tornam-se duras, brancas e opacas como o marfim, com a vantagem de não ser quebradiça e fácil de ser trabalhada. A coleta das sementes ocorre em grande quantidade entre os meses de maio e agosto, sendo a regeneração natural aleatória.
A palmeira é utilizada por populações locais na construção civil (cobertura de casas com as folhas), alimentação do homem e animais (polpa não amadurecida) e confecções de cordas (fibras). Contudo, a parte mais usada da planta é a semente, que em substituição ao marfim animal, é empregada na confecção de ornamentos, botões, peças de joalheira, teclas de piano, pequenas estatuetas e vários souvenirs. Transformada em jóias, a jarina está ganhando fama com as lojas de luxo, oferecendo relógios, brincos, braceletes e colares feitos de marfim-vegetal. As sobras da jarina são transformadas em um pó, que é exportado do Equador para os Estados Unidos e Japão, após o corte do material para a produção de botões.
Atualmente, com os riscos de extinção de animais fornecedores de marfim, a jarina apresenta-se como alternativa ao marfim verdadeiro. A crescente demanda por produtos naturais tem despertado interesse em muitas empresas que comercializam produtos das florestas tropicais, especialmente aqueles que podem consolidar o "mercado verde".
O aumento no interesse pelos produtos da floresta, principalmente dos não madeireiros, deverá refletir no incremento das pesquisas sobre o conhecimento tradicional, aliadas às pesquisas envolvendo aspectos ecológicos de espécies com potencial de uso, constituindo-se tanto numa alternativa ao desmatamento, como dos povos que vivem nessas florestas e fazem uso dos seus recursos.

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