Anatomia Renascentista
Anatomia é o ramo da biologia no qual se estudam a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente
Com o Renascimento, o bolonhês Mondino de Luzzi (c.1275-1326) pôde escrever o primeiro livro ocidental dedicado apenas à anatomia, devido à retomada dos estudos de textos greco-romanos (Galeno) e árabes (Avicena) sobre medicina.O Renascimento é considerado fundamental na evolução da medicina, caracterizada pelo racionalismo científico, fundamentado nas experimentações e no espírito crítico.A medicina da época caracterizou-se pelo racionalismo científico, fundamentado nas experimentações e no espírito crítico. Durante o século XVI, as universidades italianas, francesas e alemãs libertaram-se gradualmente dos credos e ensinamentos eclesiásticos. Contribuiu enormemente para o desenvolvimento da medicina.Os médicos renascentistas eram humanistas e letrados, pertenciam a classes privilegiadas e tinham estudado em importantes universidades.
A anatomia e a cirurgia, até então ensinadas em conjunto, a partir de 1570 tornaram-se disciplinas autônomas.
O clima geral do Renascimento favoreceu o progresso dos estudos anatômicos. A descoberta de textos gregos sobre o assunto, e a influência dos pensadores humanistas, levou a Igreja a ser mais condescendente com a dissecação de cadáveres.
Artistas como Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael mostraram grande interesse sobre a estrutura do corpo humano.Michelangelo Buonarroti, pintor, escultor, poeta e arquiteto tendo atingido o ápice entre a força e o dinamismo do corpo humano usava modelos vivos para capturar a realidade. Numa cela no mosteiro de Santo Spirito, dissecava cadáveres obtidos de coveiros em troca de suas estatuetas. À luz de uma vela inserida no umbigo do cadáver, estudava os músculos, tendões e ligamentos.
Da Vinci acreditava que a verdade anatômica na arte só poderia ser atingida na mesa de dissecação. Dissecou talvez, meia dúzia de cadáveres Com suas próprias mãos, ele buscou a estrutura anatômica, mediu com um goniômetro (instrumento destinado à medição de ângulos), calculou as proporções do organismo e reduziu-as a fórmulas matemáticas. Das 6 mil páginas cuidadosamente escritas de seu diário, Da Vinci dedicou 190 à anatomia (750 desenhos), sendo 50 a respeito do coração. Indo contra a crença galênica, demonstrou que o coração era um músculo e descreveu duas novas cavidades, as aurículas, observou sua contração e dilatação e assim identificou a sístole e diástole. Dessecaram mais de 30 cadáveres e fez um tratado de 120 volumes, estudando os ventrículos cerebrais, a pleura e os pulmões. Seus desenhos demonstram que ele foi o criador da ilustração médica e da arte de desenhar em anatomia e fisiologia, podendo ser considerado, do ponto de vista histórico, o pai da anatomia.
O maior anatomista da época foi o médico flamengo André Vesalius, cujo nome real era Andreas Vesaliusum dos maiores contestadores da obscurantista tradição de Galeno. Dissecou cadáveres durante anos, em Pádua, e descreveu detalhadamente suas descobertas. “De Humani Corporis Fabrica”, publicado em Basiléia em 1543, foi o primeiro texto anatômico baseado na observação direta do corpo humano e não no livro de Galeno. Este método de pesquisa lhe dava muita autoridade e, não obstante as duras polêmicas que precisou enfrentar, seus ensinamentos suscitaram a atenção de médicos, artistas e estudiosos. Entretanto, provavelmente as técnicas de dissecação e preservação das pecas anatômicas da época não permitiam um processo mais detalhado e minucioso, incorrendo Vesalius em alguns erros, talvez pela necessidade de dessecações mais rápidas.
Além das Tabulae Sex, Versalius foi autor de De Humani Corporis Fabrica, libri septem (mais conhecido como Fabrica), sua principal obra, que foi concluída em 1543 após inúmeras dissecações de cadáveres humanos. É uma espécie de atlas do corpo humano ricamente ilustrado, dividida em sete partes – ossos (Livro 1), músculos (Livro 2), sistema circulatório (Livro 3), sistema nervoso (Livro 4), abdômen (Livro 5), coração e pulmões (Livro 6) e cérebro (Livro 7).
*Entre seus discípulos, continuadores de sua obra, estão
Gabriele Fallopio, célebre por seus estudos sobre órgãos genitais, tímpanos e músculos dos olhos, e
Fabrizio d’Acquapendente, que fez construir o Teatro Anatômico, em Pádua A D’Acquapendente se deve, ainda, a exata descrição das válvulas das veias.
A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se.
Berengario da Carpi estudou o apêndice e o timo,
Bartolomeu Eustáquio os canais auditivos.
A nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência.
O inglês William Harvey, educado em Pádua, combinou a tradição anatômica italiana com a ciência experimental que nascia na Inglaterra. Seu livro a respeito, publicado em 1628, trata de anatomia e fisiologia. Ao lado de problemas de dissecação e descrição de órgãos isolados, estuda a mecânica da circulação do sangue, comparando o corpo humano a uma máquina hidráulica.
O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek) ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos. Introduzia-se, assim, o estudo microscópico da anatomia. Gabriele Aselli punha em evidência os vasos linfáticos;
Bernardino Genga falava, então, em “anatomia cirúrgica”.
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