quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

afro-americano Vivien Theodore Thomas

Ser médico sempre foi o sonho do afro-americano Vivien Theodore Thomas (1910-1985), que viu suas suadas economias se evaporarem na Grande Depressão de 1929. Ele havia se decidido pela carreira e trabalhou duro como carpinteiro para conseguir o dinheiro necessário, mesmo quando vigorava a segregação racial nos Estados Unidos.

Uma ocupação que o colocaria próximo do lugar de seu desejo apareceu quando o Dr. Alfred Blalock, médico e cirurgião, lhe empregou como o responsável geral pela organização de seu laboratório. Recebendo menos do que no seu trabalho anterior, Thomas passou a auxiliar o Dr. Blalock, ler os livros de medicina e aprender os procedimentos cirúrgicos com o médico, que logo percebeu o talento para a cirurgia de seu empregado.

Na década de 40, o médico foi para a Universidade Johns Hopkins e levou Thomas com ele. Os dois passaram a pesquisar, com a Dra. Helen Taussing, a doença congênita do coração conhecida como Blue Baby Syndrome (síndrome do bebê azul), que não permite a suficiente oxigenação do sangue, fazendo com que as crianças tenham uma cor azulada. Na época, não se fazia cirurgia cardíaca, e os pequenos pacientes tinham uma expectativa de vida bem baixa.

Havia problemas para Thomas vestir o avental branco, circular pelos lugares de pesquisa e até mesmo receber um salário condizente com o posto que ocupava, simplesmente por sua cor. Mas, mesmo com a discriminação e mesmo não tendo recebido uma formação - que deveria ser em uma universidade para negros - Thomas trabalhou incansavelmente naquilo que era a sua profissão ideal. Ele tinha inteligência, conhecimentos e habilidades excelentes, que o colocavam como indispensável no desafio de achar uma solução para o problema das crianças.

Enquanto os doutores Blalock e Taussing eram mais teóricos, Thomas era o mais familiarizado com o procedimento na prática. Além de participar da elaboração, desenvolveu os instrumentos que a nova técnica exigia. Por isso, o Dr. Blalock pediu a sua orientação na primeira cirurgia que realizou.

Começando sua carreira como técnico de laboratório, enfrentando as dificuldades da discriminação e nunca se formando em medicina, Thomas ensinou e treinou equipes de médicos cirurgiões sobre procedimentos cirúrgicos. Mas, apesar de sua grande importância no sucesso da novidade cirúrgica, ele não foi reconhecido no meio científico nem social da época.

Somente anos depois Thomas se tornou diretor dos laboratórios de pesquisas cirúrgicas, e foi devidamente creditado quando recebeu o título de doutor honoris causa, ainda que em direito.



Fonte: Galileu

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