História das famosas marchinhas de carnaval-01
O ano era 1899, quando a pedido dos foliões do cordão Rosa de Ouro, a já consagrada compositora Chiquinha Gonzaga compôs Ó Abre Alas, a primeira música de carnaval. Ó abre alas", da maestrina Chiquinha Gonzaga, composta em 1899 e que animou os bailes cariocas por três anos consecutivos. No acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS) é possível encontrar livros que narram a trajetória marcante da compositora, como a coleção
Começava a história da marchinha, gênero da música brasileira com origem nas marchas militares e populares portuguesas das quais herdou o compasso binário, embora mais acelerado, e a batida forte. Crônicas urbanas sobre política, economia e futebol eram cantadas em melodias simples e letras irreverentes e engraçadas. Foi só a partir de 1920 que as marchinhas realmente se popularizaram no Brasil.
No Rio de Janeiro, ganhou o nome de marcha-rancho por animar os ranchos de foliões, antigos blocos de rua. Se popularizaram no Brasil.
Na década de 30, as marchinhas viram seu apogeu ao serem gravadas por grandes intérpretes de nossa música
O ritmo – difundido em rádios, bailes, cordões e concursos – consagrou compositores como Noel
02-Rosa, Lamartine Babo, Braguinha, Ary Barroso e intérpretes como Carmem Miranda, Silvio Caldas, Emilinha Borba e Dalva de Oliveira
Lamartine Babo foi, de longe, o maior, o melhor e mais reverenciado compositor de música carnavalesca de todos os tempos.
“O Teu Cabelo Não Nega”, cuja fanfarra foi criada pelo próprio maestro. Castro Barbosa, com sua voz característica, junto com o coro, entoa, pela primeira vez:
O teu cabelo
Não nega, mulata,
Porque és mulata na cor
Mas como a cor
Não pega, mulata,
Mulata eu quero o teu amor...
Assim nasceu o maior sucesso carnavalesco de todos os tempos, e uma das dez gravações mais importantes de todos os tempos, na história da música popular brasileira. O disco seria lançado no suplemento de janeiro de 1932 da RCA, e se tornaria desde então tema característico das festas de Momo em terras brasileiras o carioca
Algumas das marchinhas que fizeram muito sucesso foram: “Chiquita Bacana” (1949), de João de Barro e Alberto Ribeiro, “O Teu Cabelo Não Nega” (1932), dos Irmãos Valença e de Lamartine Babo e
Mamãe eu Quero” (1937), de Jararaca e Vicente Paiva, que levada por Carmen Miranda aos Estados Unidos chegou a ser gravada por Bing Crosby. A pequena notável também tem seu espaço no acervo do MIS. O destaque é o livro “Carmen Miranda” (1985
O jornalista e pesquisador Sérgio Cabral observa que o estilo prevaleceu sobre o samba entre as décadas de 1920 e 1970.
As marchinhas eram mais brincalhonas, crônicas da vida brasileira.”
A partir dos anos 70, A produção de novos discos de marchinhas diminuiu . . As marchinhas já não eram mais tocadas e os tradicionais bailes, muito caros, foram perdendo prestígio.
A música do carnaval não era mais a marchinha. Para os foliões restavam os velhos clássicos e alguns novos sucessos, como A Filha da Chiquita Bacana, gravada em 1975 por Caetano Veloso, ou Festa do Interior, de Moraes Moreira, gravada por Gal Costa nos anos 1980.
-Hoje em dia, além de iniciativas isoladas como a de São Luís do Paraitinga, os concursos anuais da Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, também tentam reviver a tradição das marchinhas. Porém, já estamos muito longe do charme e romantismo de outras épocas. Talvez porque o charme vinha mesmo dos próprios anos 40 e 50, e parece estar perdido nos tempos de hoje.
Em 2006, o 1° Concurso Nacional de Marchinhas da Fundição Progresso, na capital carioca, resgatou o estilo. O evento foi idealizado por Perfeito Fortuna, produtor cultural e presidente da Fundição, que sonhava em reviver os antigos festivais de marchinhas.